O
Presidente deposto Viktor Ianukovich escreveu uma carta a Vladimir Putin a
pedir a ajuda militar de Moscovo para defender a “população ucraniana”, que
vive à beira de uma guerra civil, anunciou o embaixador russo nas Nações Unidas
esta segunda-feira. Quase ao mesmo tempo, a polícia de fronteiras ucraniana
dava o alerta: estão a chegar camiões cheios de soldados russos através do
ferry que faz a ligação de 4,5 km entre a Crimeia e a Rússia.
Começou a invasão russa, justificada com o pedido de ajuda
que o embaixador russo Vitali Churkin apresentou na reunião de emergência do
Conselho de Segurança das Nações Unidas, que desta vez tinha sido convocada a
pedido da Rússia. “A intervenção russa tem por único objectivo defender os
nossos compatriotas e os nossos cidadãos”, afirmou o diplomata, que recebeu uma
resposta indignada dos seus congéneres.
"Como
representante legitimamente eleito, considero que os acontecimentos em Kiev
deixaram a Ucrânia à beira de uma guerra civil. Os direitos dos habitantes da
Crimeia estão a ser postos em causa. Há actos de violência e de terrorismo,
cometidos sob a influência de países Ocidentais", escreveu Ianukovich.
É
de notar que Viktor Ianukovich, na conferência de imprensa que deu já Rússia a
28 de Fevereiro, em Rostov-on-Don, garantiu que "nunca teve intenção de
pedir uma intervenção militar à Rússia" e também que não iria aceitar
“qualquer tentativa para uma intervenção que quebre a integridade territorial
do país”. Mas também se mostrava "surpreendido" por ainda não se ter
encontrado pessoalmente com o Presidente russo.
O
embaixador da Ucrânia nas Nações Unidas, Iuri Sergeiev, disse na reunião do
Conselho de Segurança que Kiev ainda nem sequer recebeu uma resposta oficial de
Moscovo sobre “por que é que os militares da Rússia estão a ocupar de forma
ilegal a Crimeia”.
Mas
foram sobretudo os embaixadores do Reino Unido, Estados Unidos e França que se
envolveram numa acesa discussão com o representante russo, relata o jornalista
do “Guardian” que assistiu à sessão do Conselho de Segurança, Ed Pilkington. “A
Rússia tem tantas opções para proteger os direitos dos russos étnicos para além
da acção militar. Por que é que não apoia os esforços internacionais, porque é
que não apoia uma missão de observação, e não retira as forças militares, em
vez de enviar mais?”, interrogou Samantha Power, a embaixadora norte-americana.
Churkin
disse que a Rússia estaria aberta a missões de observação – mas não da
Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), que neste momento
tem técnicos em Kiev. “Não estamos falar da OSCE!”, reagiu rapidamente, quando
desafiado pelo embaixador britânico.
No
terreno, as autoridades pró-russas da Crimeia preparavam-se para cortar o
fornecimento de água e electricidade às bases militares que ainda não se tenham
rendido durante esta madrugada, diz a Reuters, citando Sergei Markov, um
ex-deputado russo, leal a Vladimir Putin, que se reuniu com os novos poderes da
região. “Se ficarem e persistirem em permanecer leais a Kiev, não receber o
próximo salário. A sua situação ficará cada vez mais desconfortável”.
Fonte: http://www.publico.pt/mundo
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